Psicanalista Sérgio Henrique

O efeito placebo e sua influência nas terapias

Um dos casos mais estudados sobre o efeito placebo foi conduzido pelo Dr. Bruce Moseley e publicado no New England Journal of Medicine em 2002. No estudo, 180 pacientes com osteoartrite no joelho foram divididos em três grupos: dois passaram por procedimentos cirúrgicos reais, enquanto o terceiro grupo recebeu apenas uma cirurgia simulada, na qual a pele era cortada e suturada sem nenhuma intervenção interna.

Os resultados demonstraram que não houve diferença significativa na redução da dor ou na melhora da função entre os três grupos. Ou seja, os pacientes submetidos ao procedimento placebo relataram os mesmos benefícios que aqueles que passaram pela cirurgia real. Esse estudo reforça a influência das crenças e da expectativa na percepção da dor e na resposta ao tratamento.

Na terapia, a crença na possibilidade de mudança também desempenha um papel fundamental. No entanto, a psicanálise não se baseia apenas na sugestão ou no pensamento positivo, mas sim na investigação do inconsciente e na ressignificação das experiências que moldam a subjetividade. O processo terapêutico possibilita uma compreensão mais profunda dos fatores que influenciam o sofrimento psíquico, permitindo mudanças estruturais e duradouras no modo como o indivíduo percebe e lida com suas emoções.

Nota: A psicanálise não promete soluções imediatas ou garantidas para quadros ou sintomas. O que ela oferece é um processo contínuo de autoconhecimento e transformação, que ocorre ao longo do tempo, por meio da exploração profunda do inconsciente. O presente texto tem como objetivo compartilhar uma curiosidade sobre o efeito placebo, ilustrando o poder da mente humana e como ela pode influenciar a percepção de dor e sofrimento, com base em dados científicos.

Fonte dos dados científicos: Moseley, J. B. et al. (2002). A Controlled Trial of Arthroscopic Surgery for Osteoarthritis of the Knee. The New England Journal of Medicine, 347(2), 81–88. Disponível em: NEJM

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